sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Catástrofe.

Testemunha de uma tragédia.

Eu vi, ouvi e senti a catástrofe da região serrana do Rio.
Um dia depois de um post sobre o ''não gostar de ano ímpar'' fomos assolados por uma avalanche, literalmente falando.

Na madrugada de terça para quarta, já ouvia a chuva monstruosa descer com raiva sobre nossas cabeças. Raios e trovões, não nos deixaram dormir.

Moro em um condomínio com muitos prédios e nunca poderia imaginar que o mesmo seria atingido e além do mais o local é alto.
Como em toda cidade, somos cercados por morros arborizados um visual típico da região. Jamais poderia conceber o que eu iria ver logo ao amanhecer.

Antes das seis da manhã, fui acordado as pressas pela minha mulher: " Vem ver isso"

Olhei pela janela e não acreditei, onde existia ruas,avenidas, era só água. Um mar de água barrenta. Coisa de filme de hollywood. Parecia um tsunami.

Ali já sentimos um sensação estranha de inabilidade.
Fui até a casa de minha mãe ela estava desesperada e me mostrou o morro em frente ao nosso prédio transformado.
Parte do mesmo tinha vindo ao chão, algo de uns 150 metros de altura vindo a baixo em direção aos prédios. Eu não acreditava em meus olhos. Lama, pedras e árvores abriram caminho levando tudo que tinha pela frente surgiu  uma cratera ao lado do meu condomínio.

Daí em diante só catástrofe em cima de catástrofe. Casas deixaram de existir. Bairros foram assolados pela lama. Carros, árvores, pessoas foram arrastados pela força das águas.

Ouvi gente pedindo ajuda debaixo dos escombros.
Vi gente morta pelo chão quando as águas abaixaram.
Vi pessoas perdidas, sem horizonte sem saber o que fazer.
Vi pessoas que tinham família se resumir a ela somente.
Vi carros em cima de casas arrastados como se fossem de brinquedo.
Vi outros amassados pela força da água como se fossem de papel.
Vi caminhões surgirem do fundo do rio.
Vi a geografia mudar.

A cidade se tornou uma cidade fantasma. Um filme de terror no qual, nós éramos os protagonistas.

Sem água, sem luz e sem comida, fomos à busca de alguma coisa. Nos deparamos com a insanidade dos comerciantes ao colocar os preços com uma inflação de 300% em alguns casos.

Não tinha uma simples caixa de vela, nem água nem pão.
Disputei insumos com várias pessoas como se fosse os últimos do planeta.

Qualquer lugar que você ia, era o mesmo cenário. Lama, escombros e vítimas.

O pior de tudo é em pleno século XXI, era digital, estávamos retrógrados sem comunicação. Sem qualquer infraestrutura.

Me senti na época do império sem o glamour.

Além da aflição do momento. Sentíamos um despreparo imenso. Tentávamos manter a calma e as mentes ocupadas. Fui a campo para ajudar quem precisava. Nessas horas todos temos que ser voluntários.
Mas o coração apertava a cada visão forte e a cada cena nova ao iniciar a limpeza.
Houve momentos de compensação ao conseguirmos água para quem precisava.

Pude perceber que o ser humano ainda tem chance.
A solidariedade era imensa. Não existia pobre ou rico. Éramos pessoas.

Nesse momentos só contávamos com nós mesmos.

E os dias foram passando. 2 dias após a catástrofe, a energia foi estabelecida. O tempo foi curto tamanha a tragédia, mas parecia que havia se passado uma semana. As horas passavam lentamente devido a nossa tensão.

Com a energia vieram as imagens mostradas para o mundo lá fora. Isso nos causou ainda mais pânico. Sem conseguir falar com familiares fomos percebendo que éramos desaparecidos.

Um dia após o outro, a infraestrutura foi sendo reestabelecida, a ajuda foi chegando e o movimento foi ficando cada vez maior. Sirenes nervosas por todos os lados e o cenário de guerra foi ficando cada vez mais evidente.

Cada dia íamos encontrando e sabendo de informações de amigos e familiares e era isso que importava.

Agora, está em nossas mãos.

Não acredito em recomeço. Vamos iniciar uma nova era, isso sim.

A situação é muito pior do que parece. Muito mais grave do que noticiam. Não quero ficar e não vou relatar detalhes pois só quem viveu sabe o que aconteceu. Foi algo que não será esquecido e está encravado na história de nossa cidade, do nosso estado e do nosso país.
O importante é ter ficado vivo para contar a história.

Não voltaremos à normalidade. Iremos nos adaptar ao novo cenário. Uma nova cidade, uma NOVA Friburgo.

Até breve.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Chegou 2011!



Chegou 2011.

Sei lá, esse número tá meio feio. Acho que acostumei com o 2010. Esteticamente falando era mais harmonioso. Esse lance de um número seguido de um ''zero'' e outro no mesmo jeito, ficava mais bonito. Agora 2011, achei meio...digamos....pobrinho visualmente falando.

Sinceramente não gosto muito de ano ímpar. Eles são sempre mais complicados no seu primeiro semestre.

Uma maluquice minha mesmo. Uma observação que venho fazendo desde 1995. Todo ano ímpar desde então era mais intrincado, atravessado. Nada com fundo científico.

Mas se olharmos até agora, 11 de janeiro, já aconteceram algumas coisas...digamos...de mal agouro.

Aumento exorbitante dos salários dos deputados, senadores e etc. Mais de 130% e do trabalhador comum? quanto mesmo?
Realmente a Dilma chegou lá.
Os  projetos de bolsas vagabas, vão aumentar sua cotas para os beneficiados ficarem mais beneficiados ainda.
Já tem gente sem casa e sem rumo com as chuvas.
Mais um gênio do humor está a beira de nos deixar.
E vem mais um BBB por aí.

Assim vamos esquecendo de como sofremos sol a sol para pagar nossas contas.
Assim vamos esquecendo de como está mais difícil formar um casa, uma família.
Assim vamos esquecendo dos ''I's" IPVA, IPTU e etc.
Assim vamos ficando mais anestesiados com as porradas da vida.
Assim vamos aceitando tomar na cara e oferecer a outra face.

Agora, o mais legal disso tudo é que mesmo apanhando a gente tá sempre em pé com um sorriso no rosto acreditando no dia de amanhã.

Pode parecer piegas, mas nós somos brasileiros e aprendemos a ser guerreiros e não desistirmos nunca.

E como dizia o poeta:

O TEMPO NÃO PARA
(Cazuza)

Disparo contra o sol

Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara

Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não para

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para

Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de bar em bar
Procurando uma agulha num palheiro

Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros

Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não para

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não para, não, não para

Até...